terça-feira, junho 26, 2007

Hugo Chávez cria fábricas socialistas

Na última edição de seu programa semanal “Alô Presidente”, Hugo Chávez anunciou, para espanto do mundo, o plano Fábrica Socialista 2007. Serão construídas 200 empresas estatais na Venezuela, que produzirão vários tipos de bens e serviços: alimentos, materiais de construção, vidro, plásticos, produtos de borracha, transporte e reciclagem. Vê-se logo que o tão divulgado “socialismo do século XXI” não passa de uma grande volta ao passado, uma grande tentativa de fazer certo aquilo que a URSS supostamente fez errado.

Todavia, uma das lições que o século XX nos ensinou é que o socialismo pode ser uma ótima idéia, mas infelizmente só funciona para as abelhas, formigas e outros insetos sociais. No mundo dos seres humanos, nenhuma empresa estatal é capaz de produzir bens e serviços com a mesma eficiência de uma empresa privada, pois a preocupação com o lucro, que os socialistas abominam, não existe. E, não existindo preocupação com o lucro, não existe preocupação com redução de custos. E, não havendo preocupação com redução de custos, não há aumento da produtividade. E, não havendo aumento da produtividade, nenhuma empresa pode competir e crescer, cabendo-lhe apenas a decadência.

A URSS e outros países socialistas fizeram mais do que era humanamente possível para que o sistema de produção estatal funcionasse. Não conseguiram. Simplesmente não dá certo. No início da URSS, tudo parecia lubrificado à perfeição e planejado rumo à utopia final, mas era apenas uma ilusão causada pelas realocações em massa e pela conversão de camponeses em trabalhadores fabris. Passado esse efeito transitório, o caráter perverso do sistema se manifestou: quando o espírito empreendedor é abolido, não se pode mais esperar que uma pessoa que detém um cargo executivo aceite assumir algo mais do que um risco moderado. Todos os gerentes se transformaram então em burocratas. A literatura sobre isso é farta e extensa. Pena que Chávez não a leu.

Não é preciso ter um PhD em economia para saber o que acontecerá com as empresas da Venezuela: quebrarão. Antes disso, porém, consumirão fabulosos recursos estatais, subsidiados pelo petróleo e pelos resignados e valorosos contribuintes venezuelanos. Antes disso, a Venezuela embarcará naquele sonho requentado de que um planejador central localizado em Caracas conseguirá decidir, de maneira melhor e mais eficiente do que o mercado livre, quantos sapatos cada fábrica do país deverá produzir, e que tipo, cor e modelo de sapato cada venezuelano gostará de usar. Muitos anos se passarão e a Venezuela por fim quebrará. Só espero que nós brasileiros não tenhamos de pagar a conta!

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